quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DIA DA BANDEIRA NACIONAL

BANDEIRA NACIONAL
A Nossa Bandeira
Júlia Lopes de Almeida
Verde, da cor dos mares e das florestas que embelezam a nossa terra desde
a serra de Roraima até à barra do Chuí; azul, como o céu infinito em que abre
os braços lúcidos o Cruzeiro do Sul; dourada, como o sol que alegra o
espaço e fecunda os campos, a nossa bandeira retrata nas suas cores as
supremas maravilhas do universo.
Filhos do sul ou filhos do norte, qual de nós não estremecerá de orgulho à
sua glória? Qual de nós não vibrará de entusiasmo ao senti-la aclamada
pelos outros povos? Qual de nós não se comoverá vendo-a desfraldada em
país estranho, ou não sentirá capaz das maiores audácias para a defender
de uma afronta e livrá-la de uma derrota?
A nossa bandeira é como um pálio confraternizador sobre a cabeça de todos
os brasileiros. Unamo-nos para honrá-la na sua grandeza e para que ela seja
sempre para nós, além do símbolo da Pátria, o símbolo do Bem, da Razão,
da Justiça. Só é inatingível o que é impecável, só é forte o que é puro. São as
virtudes do povo que tornam a sua bandeira respeitada; são os seus
trabalhos, os seus empreendimentos, o poder de sua inteligência, a inteireza
de seu caráter e a magnanimidade do seu coração que lhe dão prestígio
diante de todo o mundo.
Assim, esforcerno-nos para que à sombra de nossa bandeira só nasçam e se
desenrolem belas ações. Que ela pacifique gentes inimigas, quer tremule nos
mastros sobre as águas inquietas, quer penda nas cidades sobre os telhados
abrigadores do homem; que ela, que tem na cor a sugestão da esperança,
sorria ao estrangeiro em doce acolhimento, acenando-nos a todos para um
futuro bonançoso e amplo.
Irmãos do norte! Irmãos do sul, amigos! Unamo-nos em torno da nossa
bandeira; que os elos que nos ligam néio se dessoldem nunca, para que seja
grande a sua glória o poderosa a sua Força!
As primeiras bandeiras da história do homem costumavam representar
um grupo sócio-cultural através da imagem de um animal, de um
vegetal ou objeto. Com o tempo é que as cores passaram a ter
também um significado importante, principalmente após a Revolução
Francesa, quando passaram a exprimir a nacionalidade, independente
de existirem ou não figuras ou emblemas na estampa.
1
Antigamente, a escolha das cores se dava de forma arbitrária. Hoje em
dia, estão relacionadas a fatores religiosos e políticos. A cor vermelha,
por exemplo, é geralmente associada a movimentos revolucionários.
No caso da bandeira brasileira, o verde traria à lembrança o primeiro
objeto que funcionou como bandeira: os ramos arrancados das árvores
pelos homens primitivos em atitude espontânea de alegria. O verde
nos remeteria ainda à nossa filiação com a França, à juvenilidade do
país e ao imenso mar, literariamente verde nos escritos de José de
Alencar.
O amarelo, por sua vez, representaria nossa riqueza mineral e a
aventura dos bandeirantes à procura do ouro. De maneira poética, nos
levaria à imagem do sol, astro que nos garante condições essenciais
de sobrevivência.
Numa homenagem à Nossa Senhora, padroeira de Portugal e do
Brasil, o azul, ao lado da cor branca, nos colocaria no esquema
bandeirológico latino-americano, onde predominam essas duas cores:
azul e branca.
E finalmente o branco. Traduzindo nossos desejos de paz, nos inclui
nas filosofias que enxergam Deus como plenitude do ser e do poder,
assim como o branco é a plenitude das cores.
Fonte: COIMBRA, Olavo Raimundo. A Bandeira do Brasil: raízes
histórico-culturais. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1972.
Sabemos que para cada estrela de nossa bandeira corresponde um
estado brasileiro. Com a criação de novos estados no país, se
estabeleceu uma dúvida: continuaria a correspondência? Conforme a
Lei número 5.700, de 1º de setembro de 1971, essa correlação não
existiria mais. Uma outra lei, no entanto, número 8.421, de 11 de maio
de 1992, retificou a anterior, através da seguinte comunicação: a
bandeira nacional deve ser atualizada sempre que algum estado da
federação for criado ou extinto; os novos estados serão representados
por novas estrelas, a serem incluídas, sem que afete a disposição
estética original do desenho da primeira bandeira republicana; as que
forem correspondentes a estados extintos serão retiradas,
permanecendo aquela que represente um novo estado mediante a
fusão.
Nessa lei de 1992 consta ainda um anexo, trazendo uma lista dos
estados e sua respectiva relação com as estrelas. A informação,
portanto, de que essa correspondência estelar não existiria mais, deve
ter se tratado de um erro de interpretação da lei de 1971.
2
Quando foi instituída pelo decreto número 4, de 19 de novembro de
1889, a bandeira brasileira recebeu muitas críticas devido a sua
relação com a astronomia. Isto porque a disposição das estrelas na
esfera azul da bandeira não se encontrava da mesma forma como
costumamos vê-la no céu. Tudo por conta da perspectiva escolhida
pelos criadores do desenho original. A intenção era representar o céu
do Rio de Janeiro às 8h30m da manhã do dia 15 de novembro, data
da Proclamação, mas com um pequeno detalhe: o observador desse
céu estaria do lado de fora da esfera, vendo-a a partir do espaço
cósmico. E, mais ainda: essa bola imaginária (o espaço celeste) teria
todas as estrelas grudadas nela, com a terra situada em seu centro.
Daí a polêmica. Consta também que a constelação do Cruzeiro do Sul
estava, nessa hora exata, com o braço maior na vertical e no
meridiano da cidade do Rio. Tanta discussão para algo bastante
simples: o céu da bandeira nacional aparece do lado oposto de nossa
visão aqui da terra.
3
A palavra de ordem inscrita em nossa bandeira, trata-se da síntese de
um sistema filosófico aceito não só no Brasil, como também na
Europa: o positivismo. Os grandes nomes dessa filosofia em nosso
país no fim do século XIX eram Benjamin Constant, Demétrio Ribeiro,
Teixeira Mendes e Miguel Lemos. Numa visível homenagem a esses
cidadãos, convoca os brasileiros para uma arrancada concreta e
irreversível pelo desenvolvimento. A significação de ordem não é
ditadura, mas sim decisão e visão clara dos problemas, enquanto
progresso não indica riqueza para os indolentes, mas meta de
ascensão para os homens de valor.
Um dos três únicos casos em que o idioma da pátria em questão
aparece na bandeira, possui o seu recanto para o culto coletivo de
toda a nação: a Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde fica
sempre hasteada, tendo na base do mastro as seguintes palavras:
"Sob a guarda do povo brasileiro, nesta Praça dos Três Poderes, a
bandeira sempre no alto, a visão permanente da pátria".
Olavo Bilac
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz.
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Contemplando o teu vulto sagrado
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser.
Sobre a imensa Nação brasileira
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor.

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